Maternidade e trabalho: qual é o mínimo esperado das empresas neste momento?

Foto: Freepik

A maternidade é um momento de realização de sonhos para diversas mulheres, mas isso não significa, necessariamente, que será fácil. Muito pelo contrário. Além de ter que lidar com diversas dificuldades que permeiam esse novo ciclo, elas ainda encontram inúmeras barreiras ao retornarem para o mercado de trabalho.

De acordo com um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas, quase metade das mulheres que tiram licença maternidade não estão mais presentes no mercado de trabalho após dois anos, e esse padrão se repete por até quase quatro anos depois. E a pesquisa mostra que existem diferenças quando o recorte escolar é levado em consideração: mães com curso superior possuem uma queda de emprego de 35% após um ano de licença, enquanto as que não possuem níveis mais altos de escolaridade chegam a uma queda de 51%.

Para o Dr. Marcus Todesco, médico responsável pelo serviço de gestão de saúde da Magicel — consultoria de riscos empresariais que provê soluções personalizadas na área de saúde, benefícios, capital humano e gestão de riscos, — as companhias têm um papel fundamental no auxílio das mulheres que querem encontrar equilíbrio entre a trajetória profissional e a família.

“Espera-se que as mulheres consigam conciliar o cuidado com o filho, com a casa, com o companheiro e trabalho, isso sem deixar de lado o cuidado pessoal. Mas exercer todas essas atividades com êxito é completamente exaustivo e, praticamente, impossível. E quando algum desses pontos falharem, a primeira coisa esperada dessa mulher é que ela abandone sua profissão. Uma vez que estamos evoluindo em diversos pensamentos, é ilógico cobrarmos isso dessas mães, e para que elas consigam retornar e se manterem no mercado de trabalho, deve-se haver o apoio das empresas. Essas precisam entender as necessidades dessas colaboradoras e auxiliar neste processo, que já é, por si só, complicado”, comenta o especialista. Isto passa pela adequação de pequenos detalhes e que fazem toda a diferença na saúde física e mental desta profissional mãe. Cito flexibilidades em horários e atenção à saúde mental, com programas de descompressão.

Uma análise feita pelas empresas associadas ao Movimento Mulher 360, em parceria com a consultoria Mãe Corporate, exibiu que 98% das participantes da pesquisa disseram que mudaram a forma como viam o trabalho, número que vai ao encontro das discussões de quebras dos moldes trabalhistas tradicionais, afinal, a instituição não deve mais esperar que a colaboradora os ofereça total prioridade, visto que com a chegada de um filho ela assume novas funções sociais, algo que, segundo Cleide Bicalho, enfermeira da Magicel, deve ser visto de forma positiva.

“Diferente do que muitos pensam, uma mulher que acaba de ser mãe adquire novas habilidades, além de estar mais madura para lidar com as situações, e isso é muito benéfico para as companhias, que têm muito a ganhar com essa ‘nova’ colaboradora. Entretanto, é essencial preparar gestores e equipe, com uma cultura que aborda esse tema, para enfrentar as situações que surgirão, mostrando a essa mulher que ela é valorizada e que está segura, para que, dessa forma, o dia a dia corporativo seja mais brando”, explica a profissional.

E ela acrescenta: “é fundamental que as empresas estejam atentas às necessidades que englobam a jornada da maternidade, envolvendo amparo e escuta ativa. Além disso, definir benefícios que façam diferença para essas mulheres, como licença maternidade e paternidade estendida, plano de saúde estendido aos dependentes, creche na empresa, horários flexíveis, home office, auxílio creche, lactário, entre outros. Também é importante o reconhecimento e a criação de oportunidade para a ampliação das possibilidades. Logo, a taxa de turnover dessas mães recém-nascidas retornando da licença irá diminuir significativamente, além da organização ser reconhecida como uma ambiente promissor de trabalho”, finaliza Cleide.

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