Arte em madeira traduz a força do artesanato alagoano

“Para cada artesão eu digo: se a beleza inspira arte, sorte de quem tem uma musa como Alagoas”, expressa o mestre André Barbosa Cavalcanti, popularmente conhecido como André da Marinheira, nascido no município de Boca da Mata. Não apenas nessa frase ele expressa o orgulho de ser um artesão alagoano, mas também em suas esculturas em madeira. Do ofício aprendido ao observar o pai desde os 12 anos de idade, o também mestre Manoel da Marinheira, André (@mestreandredamarinheira) vive e recebe reconhecimento no Brasil e no mundo.

“Me sinto maravilhado em ter aprendido esse ofício que é esculpir. Me sinto muito honrado de trabalhar com escultura e sobreviver da arte. Infelizmente, ainda estamos enfrentando a pandemia, mas aos poucos vamos vendendo e divulgando pelas redes sociais”, destaca André da Marinheira.

Nas redes sociais dele é possível ver algumas de suas obras. São bancos, banquetas, esculturas e outras peças de decoração no formato de animais como capivaras, onças, araras, coelhos, tatus e peixes-boi e até a Santa Ceia esculpida em madeira. Segundo o mestre André, o trabalho é árduo, mas é recompensador. Fator que o inspira e lhe faz reconhecido.

“Sou uma pessoa feliz, apesar desse trabalho ser cansativo. Eu me inspiro e me sinto feliz de esculpir de domingo a domingo. Quando não saio para pescar ou para outro passeio, estou aqui inovando e criando novidades com a madeira. Às vezes o cliente vem encomendar e já encontra algo pronto. Eu não paro”, afirma.

Sobre o reconhecimento, André da Marinheira ressalta que é muito grato ao apoio do Sebrae, principalmente em viagens e feiras para exposição e venda de sua arte, além de homenagens e prêmios pelo país, fatores que o incentivam ainda mais a trabalhar para perpetuar a arte.

“Só tenho a agradecer. Tenho um incentivo muito grande do Sebrae que apoia, principalmente, nas viagens quando tem feiras. Já fui homenageado como mestre pelos conselheiros curadores da arte pelo Sebrae. Só tenho a agradecer por trabalhar e repassar esse conhecimento para as pessoas que trabalham comigo e querem se tornar artesãos no futuro”, pontua.

André da Marinheira ainda enfatiza algumas conquistas que o tornaram ainda mais realizado. “Me sinto realizado. Já ganhei muitos prêmios como o Prêmio Culturas Populares – Edição 100 Anos De Mazzaropi – A Cultura Popular No Cinema, em 2013. Já ganhei espaço para esculpir lá fora e divulgar a minha cidade, o meu estado e o meu país. Agradeço todos os dias por isso”, diz.

Pandemia e as redes sociais

Sobre a pandemia, André da Marinheira diz que teve o seu trabalho afetado, visto que feiras e exposições foram canceladas. Porém, com as capacitações online oferecidas pelo Sebrae, ele buscou inovar, adaptar seus produtos e vender pela internet.

“Antes, eu podia sair e divulgar mais meu trabalho. Nas feiras, por exemplo, eu vendia e pegava encomendas. Mas tive vários cursos online pelo Sebrae nesse período e passei a mexer mais nas redes sociais e ganhei muitos seguidores. Nesse período eu inovei, comecei a fazer peças menores, vender e mandar pelo correio”, reforça.

André ainda falou sobre alguns de seus sonhos para o futuro. “O que quero conquistar, que seja vontade primeiramente de Deus, é virar um patrimônio vivo. Com isso, posso ter uma renda fixa e assim poderei manter o meu trabalho e ajudar mais a quem precisa, colocar mais pessoas para trabalhar com a arte e aprender também. Além disso, comprar mais matérias-primas e ferramentas”, afirma.

Outro desejo é que a pandemia passe logo e ele possa se encontrar com os colegas artesãos em feiras e eventos. “Eu creio que esse momento irá passar. Sou uma pessoa que tem muita fé. Quando isso acabar, vamos encontrar todos os artesãos e festejar todos juntos. Que Deus nos dê força. Temos que ter fé, mas obedecer às regras e nos cuidar”, complementa.

Aos colegas artesãos, ele deixa uma mensagem: “A eles eu digo que em breve nos encontraremos em alguma feira. É muito lindo e emocionante quando a gente sai pra uma feira. Eu me lembro da energia positiva quando estamos arrumando os estandes, todos juntos. Depois, fazemos oração no final. Eu creio que isso vai passar. Que Deus abençoe a cada escultor, cada pintor e cada mulher rendeira”, finaliza André da Marinheira.

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