Autossabotagem: quando viramos nosso maior obstáculo

Foto: Ryoma Onita - Unsplash

Todos nós temos sonhos, objetivos e também obrigações que precisamos dar conta ao longo do dia. É comum que com tantas coisas ao mesmo tempo para fazer, ocorra uma certa procrastinação, um desejo de fugir da rotina, ou que duvidemos da nossa própria capacidade. Não há nada de errado com isso, o problema é quando essas e outras ações começam a atrapalhar significativamente as suas metas e responsabilidades. Isto pode indicar que você está se boicotando! Ser esquivo demais, crítico, controlador, entre outras características, podem estar te atrasando e impedindo que realize seus objetivos, seus sonhos.

O que significa autossabotagem?

A palavra “Auto” é um prefixo, de origem grega, que significa algo que é próprio.

“Sabotagem”, significa o ato ou efeito de sabotar, ou seja, dificultar ou prejudicar uma atividade.

“Autossabotagem”, portanto, é agir contra si mesmo.

O autor Shirzad Chamine, aborda em seu livro Inteligência Positiva, dez sabotadores (relacionados abaixo), que podem ser controlados para que você possa fazer parte do seleto grupo de 20% da população que alcança seu verdadeiro potencial.

1. Crítico

Esse sabotador em especial tem um grande potencial destrutivo, por isso é considerado o principal e está presente em todas as pessoas. Ele é o detector de defeitos, capaz de encontrar problemas em si, nos outros, nas condições e circunstâncias. Ele é um grande responsável não só por sentimentos como raiva, ansiedade, vergonha, culpa, como também cria um abismo entre o indivíduo e a felicidade.

2. Hiper-realizador

Quem é refém desse sabotador, vive em busca de resultados e passa a condicionar o próprio bem-estar a essa produtividade. Não costuma aproveitar o processo, e quando consegue algo na vida, a felicidade da vitória logo se esvai. Em geral, são muito competitivos e buscam sempre passar uma boa imagem.

3. Hipervigilante

Os hipervigilantes estão sempre em estado de alerta, considerando demasiadamente as possibilidades de erro. Costumam ser muito ansiosos e estressados, resultando em um desgaste mental desnecessário no dia-a-dia.

4. Inquieto

Estão sempre de olho no futuro, se entediam facilmente, e precisam de mudanças constantes na vida. São impacientes e costumam deixar as coisas pela metade.

5. Controlador

Para quem é muito controlador, se não é para estar no controle, é melhor nem estar. A ansiedade e impaciência podem ser insuportáveis para eles diante de imprevistos e de situações que não podem fazer nada.

6. Esquivo

Por estarem buscando prazer, sempre fogem de situações difíceis. São escapistas, procrastinam, e costumam não seguir prazos. Por não gostarem de “desgastes”, detestam críticas e não costumam assumir riscos.

7. Prestativo

Ser prestativo não é ruim, o perigo está quando a pessoa se anula para sempre fazer tudo para os outros. São consideradas pessoas queridas, mas infelizmente, por estarem sempre em busca de validação em tudo que fazem.

8. Vítima

Nunca são responsáveis por nada de ruim que acontece na própria vida. Costumam usar suas emoções para comover as pessoas e ganhar afeto. Supervalorizam as emoções e, no fim das contas, desgastam a si próprios e aos outros.

9. Insistente

São os grandes perfeccionistas. Tudo tem que estar na mais perfeita ordem, portanto, também exigem das pessoas o mesmo que exigem de si. Como seu padrão é muito alto para tudo, se frustra, com frequência, e geralmente é muito ansioso e nervoso.

10. Hiper-racional

Para os hiper-racionais focar nas emoções é uma perda de tempo, eles racionalizam tudo. A razão e o conhecimento estão sempre em primeiro lugar. Apresentam um ar de superioridade podendo se irritar com pessoas mais sentimentais. Mas no fundo, usam toda essa racionalidade para esconder suas emoções mais profundas, as quais não querem lidar.

Por que nos sabotamos?

Não é de hoje que o ser humano se sabota: a evolução se deu a partir desses sabotadores, que surgem pela necessidade primitiva de sobrevivência (física e emocional) ajudando a vencer ameaças reais e imaginárias. Nossos ancestrais, por exemplo, precisavam ser muito críticos e exagerar a realidade, ou senão, poderiam ingerir uma fruta venenosa, sofrer um ataque de um animal e não ter tempo suficiente para gerar descendentes. Precisavam ser inquietos para povoarem a terra e manter o estilo de vida nômade, e por aí vai.

Então sim, certos comportamentos e características ainda são muito fortes por estarem ligados ao nosso DNA. Mas como nossa mente não é composta só de sabotadores, é preciso se autoconhecer, se esforçar e ter paciência para poder anular a autossabotagem.

Como saber se estou me sabotando?

A autossabotagem pode ser consciente ou inconsciente, sendo esta última a maneira mais comum. Você pode estar se sabotando sem se dar conta disto. A autossabotagem pode inclusive estar relacionada a traumas passados da infância e adolescência.

Portanto, preste bem atenção nas suas próprias ações e tenha em mente que esses sabotadores não desaparecerão por completo – como dito anteriormente, fazem parte da nossa evolução –, mas podem perder a força e o poder que têm na sua vida.

Faça esse exercício. Visualize algo que você queira muito e tente perceber que situações você tem criado para impedir que isso se realize.  Quais sabotadores você tem utilizado?

Agora que você já deve ter reconhecido alguns deles, evite enviar ao seu cérebro a mensagem errada, ou seja, trabalhar contra você mesmo. Você pode fazer muito por si próprio!

É possível diminuir o impacto dos sabotadores?

Sim, é possível, mas  anular os sintomas da autossabotagem não é um processo fácil.

Como vimos no exercício anterior, o primeiro passo a ser dado é observar os padrões e identificar os tipos de sabotadores internos que você utiliza. A consciência e o autoconhecimento são os primeiros passos para a neutralização dos comportamentos prejudiciais.

Identifique a fonte, o gatilho da autossabotagem. O que causa esse comportamento em você? O que o leva a procrastinar a mudança na sua vida, a adiar sonhos a se colocar em segundo plano?

Pense naqueles objetivos que você nunca conseguiu realizar, em quais áreas você está sempre adiando suas decisões. Reconheça se está desmotivado ou irritado o tempo todo. Admita para si essas atitudes e tome as providências necessárias para fazer melhor o que talvez esteja sendo negligenciado – já que cada sabotador exige uma postura diferente.

Se estiver tendo dificuldades em lidar com este processo por conta própria, busque ajuda através de algum tipo de terapia, coach ou mesmo uma terapia complementar, que utilizam técnicas que podem te ajudar no seu processo de autoconhecimento, reforço da sua autoestima e limpeza de crenças limitantes.

Uma ajuda especializada pode tornar o processo mais leve e orientá-la da melhor maneira.

Se você gostou deste artigo e deseja ler outros conteúdos sobre autoconhecimento e terapias complementares, você pode encontrar mais informações no meu Instagram @corpusgratus e no meu website www.corpus-gratus.com.

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