Ensaio sobre a Masculinidade: Um Olhar sobre o Ser-Homem

O que é dito sobre feminino e masculino está profundamente enraizado nos discursos, comportamentos, diálogos e enfrentamentos diários. As relações revelam espelhos, os afetos revelam corpos urgentes por expressão. Os espaços impostos ao homem, por um lado, e a mulher, de outro, de fato nega nossa inteireza enquanto Ser. O masculino em seu lugar viril, forte e corajoso, se distorce ao anular a fluidez e receptividade feminina. Somos inteiros – homens inteiros, mulheres inteiras. A violência de gênero começa numa sociedade de seres incompletos e mal-feitos, perdidos. Os homens precisam responder: em qual lugar se perdeu o seu feminino?

Olhar para a masculinidade é como olhar para uma alegoria – temerosa e trágica. O homem livre está aprisionado nas suas próprias feridas. A masculinidade é folclórica. A sociedade adoece porque está cheia de seres doentes. Se a virilidade é sua arma, construída socialmente e adotada por ele mesmo, quando distorcida torna-se uma ferramenta necessária para validação de uma sexualidade agressiva e que legitima comportamentos distorcidos, trazendo a brutalidade como elemento intrínseco a sua personalidade, reprimindo e relegando suas partes sensíveis, vulneráveis e tudo que remete às “características femininas”.

A tentativa do ser-homem apenas constrói jaulas mentais que aprisionam o ser-corpo e regulam a expressão, causando corpos duros que tentam esconder grande parte de um ser inteiro, produzindo um ser incompleto, que, por ter perdido pedaços de si, procura se preencher através do que é permitido dentro da masculinidade – os vícios, a violência, o sexo.

Onde, então, está firmada a liberdade do homem diante desse lugar?

Apenas ele saberá, no retorno às suas partes perdidas e deixadas pelo caminho: no seu menino, aquele que veio antes de tudo isso. Naquele espaço em que trazer suas dualidades, entre a força e a sensibilidade, não significa deixar de ser homem, mas de ser livre na inteireza da criação, essa que lhes é inerente por natureza. É, por fim, ser completo.

[foogallery id=”7206″]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.