Recompensa X Necessidades

Foto: snowing - Freepik

“Nossas necessidades precisam ser acolhidas e atendidas sem o peso da recompensa.” Certa vez li essa frase, não me recordo onde, mas ela me fez refletir. 

Muitas das nossas posturas no aqui e agora são regidas por como aprendemos a enxergar o mundo. Como nos ensinaram a se comportar, viver e criar expectativas. Nessa escola relacional com nossos pais, temperamento, e experiencias podemos ter assimilado que desfrutar de uma vida leve, autêntica e prazerosa, tem mais a ver com recompensa do que com direitos.  

Em nossa infância aprendemos muitas vezes um caminho contrário a nossas necessidades. Frases como: “Escove os dentes e ganhe um presente”, “Durma cedo e ganhe uma estrelinha no seu mural de conquistas” ou “Tire notas altas ou não será ninguém na vida”. 

Se pararmos para analisar a própria necessidade de lazer vem muito vinculada da recompensa. Trabalhe, trabalhe e trabalhe para desfrutar de 2 dias de descanso. Não que isso não seja necessário na vida adulta, não é sobre não trabalhar ou ficar no ócio, mas sim, sobre entender que o ócio também é uma necessidade humana.

Lazer assim como limites, são extremamente importantes, mas, se na infância não tivermos a oportunidade de adquirir habilidades funcionais sobre essas necessidades, na vida adulta ficará muito difícil analisarmos “necessidades como o oposto de recompensa.” 

Quando não encontramos um diálogo saudável com nossas necessidades de espontaneidade e lazer, passamos para nossa fase adulta com muita rigidez, padrões altamente inflexíveis, metas que muitas vezes nos levam a um único caminho, o esgotamento físico.

Por isso, muitas vezes é preciso uma viagem até a criança que fomos, a criança que de alguma forma aprendeu, entendeu ou se ajustou acreditando que deixar embotar suas necessidades funcionava. É preciso conversar com a criança que fomos acolher as suas vulnerabilidades, explicar para ela que crescemos, que agora possuímos mais clareza e podemos desfrutar de uma vida leve, produtiva sem autonegligências, com limites realistas e de forma feliz. 

Mas que tal um exercício simples para você refletir sobre sua necessidade de espontaneidade e lazer?

Responsa com muita sinceridade as perguntas abaixo:

  1. Cite algumas regras sobre como as coisas deveriam ser?
  2. Quem me ensinou isso?
  3. O quanto isso é embasado na realidade?
  4. O quanto isso pode ter sido distorcido antes de chegar até mim?
  5. Quais os custos desse padrão de funcionamento?
  6. Quais os benefícios desse padrão de funcionamento?
  7. Por que sigo essas regras?
  8. Quais seriam outras formas de enxergar esse cenário?

Espeque que esse exercício te ajude de alguma forma.

Meu desejo é que você possa se olhar com mais autocompaixão e atender as suas necessidades de forma intencional, leve e autêntica.

Com carinho,

Maiara Silvestri – Psicóloga CRP15/3490

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