Petrúcia Lopes: 33 de contribuição com o artesanato alagoano

“O artesão não trabalha somente com as mãos, mas trabalha, também, com a alma. Cada peça feita, esculpida, carrega uma parte da alma daquele que a concebe”. Esse foi um lembrete deixado pela artesã Petrúcia Lopes, vice-presidente do Instituto do Bordado Filé da Região das Lagoas Mundaú Manguaba (Inbordal), para outros artesãos alagoanos neste 19 de março, Dia do Artesão. E é com esse espírito que Petrúcia, que faz diversas peças com a utilização do bordado filé há 33 anos, celebra as conquistas e espera dias melhores para alcançar novos voos.

Sobre as conquistas, as dela – que tem ateliê próprio (@ateliepetrucialopes) – acabam se misturando com as do Inbordal. A conquista do registro de Indicação Geográfica (IG) do Bordado Filé de Alagoas junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), em 2016, foi uma delas. O filé da região das Lagoas Mundaú-Manguaba se tornou Patrimônio Cultural Imaterial de Alagoas.

Esses fatos fizeram com que Petrúcia, que aprendeu a técnica do bordado Filé com suas irmãs e algumas amigas no bairro do Pontal da Barra, ainda na adolescência, se tornasse profissional em sua arte.

“Outra conquista importante nos últimos anos foi a profissionalização, apesar da nossa profissão não estar homologada. Ao longo dos últimos anos, conseguimos trabalhar de forma mais profissional. Ganhamos mais notoriedade. Quando digo ganhamos, não somente eu, mas todas que trabalham com Bordado Filé. Nosso bordado passou a ter um diferencial, principalmente com a indicação geográfica”, afirma.

Petrúcia e o Sebrae

Petrúcia relata que o apoio do Sebrae foi fundamental para essas conquistas e, sobretudo, para ela durante esse período de pandemia, que descobriu novas formas de vender suas peças como blusas, saias, vestidos, sales, objetos de decoração e acessórios. Foi através de capacitações do Sebrae que ela iniciou as vendas pela internet.

“Ao longo dos anos, recebi inúmeras capacitações como formação de preço e para trazer melhorias para a imagem dos nossos produtos. Como a pandemia impactou nossas vendas, o Sebrae veio novamente e nos apoiou oferecendo capacitações como algumas envolvendo marketing digital e posicionamento de marca. Isso foi primordial para que eu continuasse vendendo na pandemia”, destaca.

No dia do artesão, o que os artesãos alagoanos têm a comemorar? E o que ainda precisam conquistar?

Ainda segundo Petrúcia, ela e os artesãos alagoanos precisam aproveitar essa data para celebrar a vida, o fato de terem saúde e a oportunidade de viver da arte.

“Se diante desse cenário de pandemia, ainda estamos vivos e com saúde, temos que comemorar. Outro motivo para comemorar é poder atuar na área. A cada dia, vencemos uma batalha. Gosto de brincar e dizer que todo dia é o dia do artesão”, pontua.

Sobre as conquistas, ela enfatiza que a busca dela e de outros artesãos locais é por uma maior valorização do artesanato local através de seus profissionais. “Ainda precisamos que o artesanato seja considerado uma profissão como outras. Esse é o nosso desafio para os próximos anos, para o futuro. Muita gente ainda entende o artesanato como terapia, como algo para passar o tempo, para relaxar. Mas não é. Artesanato é profissão e as pessoas vivem disso, trabalham todos os dias”, afirma.

Petrúcia também lembra que muitos objetos que existem hoje, um dia, passaram pela mão de um artesão, por isso, torna-se ainda mais necessária a valorização do artesão.

“Os artesãos e as pessoas precisam lembrar que várias coisas foram criadas inicialmente a partir da mão de um artesão. Sejam as Pirâmides do Egito, sejam as cadeiras que sentamos hoje. Um artesão fez uma cadeira e muitos anos depois, com o processo de industrialização ao longo dos últimos séculos, ela se tornou o objeto que é hoje. Por isso, esse profissional deve ser sempre valorizado”, finaliza Petrúcia.

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