Relato de parto: Camila e Liz

“O meu relato tem um misto de superação e perseverança, porque em muitos momentos tive que superar traumas, medos e uma doença psicológica e em outros, tive que perseverar nas minhas escolhas.
Vou começar falando um pouco de como o pilates e a Damy entraram na minha vida:
Eu conheci a Damy através de uma família muito querida (é uma história a parte), lembro dela ter falado tantas coisas boas a respeito do pilates, que fiquei com muita vontade de fazer. Sou atleta de handeball, estava me preparando para um campeonato de nível nacional e não queria ter que frequentar academia, (meu corpo era muito agredido nos treinos, não queria ter que “agredir” mais) então, conversei com ela, disse qual era meu objetivo (condicionamento físico) e iniciamos nossas aulas em maio de 2016.
No meu horário, não tinha gestantes, porém, a minha professora estava grávida e Damy já era queridinha das mesmas, aí eu fui inventar de beber a água de lá e, em novembro, (um dia antes de viajar) descobri minha primeira gravidez. Todos os meus planos pro campeonato foram por água abaixo, em compensação, Deus estava me dando a oportunidade de fazer novos planos e agora, não só pra mim, pra minha família. Eu ia realizar o meu maior sonho, ia ser mãe (o primeiro momento de superação).
Escolhi a Dra Cristina Cabús para ser minha obstetra porque foi indicação da minha ginecologista. De cara eu já amei ela. Desde a hora que entramos no consultório, ela foi muito atenciosa, cuidadosa, carinhosa e prudente no que falava, enfim.. De todas as características, o que mais nos prendeu foi o fato dela ter nos apoiado sobre a decisão de um parto normal. Particularmente, eu, não tinha esse sonho, meu marido e a Damy quem acabaram me convencendo de que seria a opção mais coerente pra mim, que sou muito alérgica (primeiro momento de superação). Com 33 semanas de gestação, entrei em trabalho de parto sem saber, fui pro hospital achando que eram as contrações de treinamento e quando cheguei lá, já estava com 7 cm de dilatação e vivemos um parto normal de 20min, que foi lindo, emocionante e cheio de ocitocina.
Nasceu o Davi.
Depois de um susto desses, decidimos que só conversaríamos sobre outros filhos depois que o Davi completasse, pelo menos 3 anos. Então, em janeiro desse ano, mesmo pedindo muito o peito, ele estava cuspindo o meu leite, então eu imaginei que ele tivesse fazendo confusão de bicos (minha mãe insistia em usar mamadeiras) e me conformei com o desmame precoce (mal sabia eu, que já era o meu corpo dando sinais de que tinha algo acontecendo). Então, na madrugada do meu aniversário, o Vinícius me acordou as 03:00 da manhã dizendo que, por sonho, alguém chegou para ele e disse que eu estava grávida e que ele tinha certeza que era verdade, eu, morrendo de sono e sem entender nada, chamei ele de sem noção e disse que fosse arrumar o que fazer pra parar de me acordar e falar besteira..
No dia 27 de março, antes de sair da casa da minha mãe, fui ao banheiro e quando foi no meio do caminho pra minha casa, já estava apertadíssima, então pedi pro meu marido que fosse correndo pra casa, ai ele ressaltou o que disse um mês antes “acho que você está grávida, faça o teste!” e aquilo estalou de uma forma diferente na minha cabeça, então, no dia 28 de março, comprei um teste de farmácia e fui trabalhar, na minha primeira folguinha, fui lá no banheiro, fiz o teste e batata.. grávida de novo! (Mais uma superação)


Depois de uma gravidez tranquilíssima, quando soube da segunda, pensei logo “vou tirar de letra, a gravidez do Davi foi massa, nem parecia que estava grávida..” como todo bom filho, o bebê já chegou mostrando pra que veio e me fez pagar a língua pela primeira vez, tive enjoos fortíssimos, enxaquecas, azias de matar um, um sono sem fim que me dava medo até de dirigir e ainda perdi 8kg, fora uma virose que me fez ficar internada.
Desde o parto do Davi que eu não fazia mais o pilates, só estava participando de alguns eventos que a Damy promovia (caminhadas e encontro das puérperas), então, com 24 semanas nós retornamos as aulas, dessa segunda vez, foi tudo muito diferente, muita coisa eu já sabia, muita coisa tive que reaprender e aprender e tive que me reconhecer também, afinal, estava me preparando para a chegada de mais um filho e dessa vez, eu queria que o parto fosse um pouco diferente e idealizava muito sobre participar com mais empoderamento (depois que aprendi essa palavra, fiquei um nojoo.. kkk) tudo o que o momento poderia me oferecer, já que no primeiro, eu não tinha feito nada com consciência, tudo aconteceu meio que no modo automático, então me informei muito e, sempre em conexão com a dra Cristina fui fazendo minhas escolhas para esse parto tão sonhado.
Quando eu completei 28 semanas, tive uma crise de loucura e coloquei na cabeça que queria trocar de GO, porque escutava o tempo todo que a Dra Cristina só tinha feito o meu primeiro parto normal, porque eu já cheguei parindo no hospital. Muita gente dizendo que ela ia levar até as 39 semanas e depois ia inventar uma desculpa pra marcar uma cesárea, dizendo que ela é cesarista, etc… Pra completar essa saga, a Liz estava transversa, eu resolvi conversar sobre uma possível cesárea com ela e foi ai que tive a primeira surpresa, ela me acalmou, me aconselhou conversar com a Liz e disse que ainda tínhamos muito tempo até o parto e que ela poderia virar e encaixar a qualquer momento. Depois dessa situação, conversei com a Damy e acabei me tranquilizando quando ela falou sobre confiança e leveza. Logo depois a Liz virou e tudo se tranquilizou mais ainda.
As semanas foram passando e, assim como a barriga, a ansiedade também ia crescendo, eu tenho transtorno de ansiedade e tomava remédio para controlar, resolvi parar quando soube da gravidez, tinha prometido pra mim mesma que conseguiria, então até chegar a 33ª semana, eu estava quase que surtando de tão ansiosa, eu até tentava mentir e/ou disfarçar, mas era difícil, principalmente pra quem me conhece. Chegamos as 33 semanas e depois disso, cada semana era uma vitória pra mim. Com 35 semanas, a dra Cristina resolveu me afastar do trabalho, para que eu pudesse e conseguisse descansar um pouco, porque estava tudo num ritmo muito acelerado pra mim, então, passei a me dedicar 100% aos meus filhos e estava fazendo tudo que podia com o Davi, descansando e me preparando pra receber a Liz.
No dia 23/10/18 as 16:20, estava eu em casa, sentadinha no sofá, quando o Davi me pediu água, então, quando me levantei, senti algo diferente dentro de mim, cheguei a ter a sensação de ter ouvido algo tipo “poc”, então fiquei parada e esperei algo acontecer, porque a Damy disse, alguns dias antes, que se fosse a bolsa, ia sair líquido sem que eu conseguisse controlar, nada aconteceu, ai eu dei um passo pra frente e saiu muito líquido descontroladamente, era a bolsa!!
Nessa hora, tudo que eu tinha estudado, pesquisado, aprendido, reaprendido e entendido, já não estava mais na minha cabeça, todo o meu empoderamento (olha ela de novo kkk..) tinha ido pelo ralo, eu corri pro banheiro e tentei falar com meu marido, mas ele não atendeu, então resolvi ligar pra minha mãe (escolha estranha, afinal, ela estava ansiosa desde que entrei no 9º mês), pedi pra ela ter calma e disse que a bolsa tinha estourado e pedi que ela viesse pra minha casa (juro que em 5 min ela chegou kkk…), logo em seguida meu marido retornou a ligação, depois liguei pra Damy e por fim, pra Dra Cristina que falou que eu comesse, tomasse banho e me ajeitasse pra ir pro hospital.


Cheguei no hospital perto de 18:40, com 4cm de dilatação, eu estava tranquila porque já tinha ideia do que passaria nas próximas horas e só conseguia me lembrar das palavras da Damy antes de eu sair de casa “agora é com você! Você sabe tudo que tem que fazer e não esqueça da respiração!”, então, sempre que vinha uma das leves contrações, eu respirava fundo e pensava que cada uma que ia embora, era sinal de que estava mais perto de conhecer minha filha. Eu estava em contato com a Damy o tempo inteiro, então, sabiamente, ela me deu mais uma de suas valiosas dicas “se desconecte! Saia do celular e vá viver seu parto”, então, assim eu fiz! Coloquei o celular no modo avião, liguei a playlist que tinha feito para esse momento tão especial e fui curtir minhas contrações com meu marido, minha mãe e a Dra Cristina, que ficou sentadinha do meu lado o tempo inteiro me ajudando, massageando e caminhando comigo. Depois que segui o conselho da Damy, percebi o quanto é importante a gente ficar focada, são situações novas que nosso corpo está passando e precisamos entender cada um dos estímulos que acontecem naquele momento.
As 20:30, nada de contrações ritmadas ainda, com 5cm de dilatação, então sugeri uma ultrassom, além de eu dar mais uma caminhada, conseguiríamos ver se estava tudo ok com a Liz, quando eu voltei pra sala que estava esperando, a dra Cristina me perguntou se podia fazer outro toque, para ver se havia tido alguma evolução, então pedi só que esperasse meu marido voltar lá de fora (ele tinha ido levar minha mãe no taxi e fumar), ele ainda demorou um pouco, mas quando chegou, pedi que ficasse de mãos dadas comigo e quando a Dra fez o toque, adivinhem? Em coisa de 1 hora, eu dilatei os 5cm que faltavam, porém, a Liz não tinha encaixado ainda (já esperávamos uma certa demora, pois ela estava com dorso a direita), então, como isso poderia acontecer a qualquer momento, nos encaminhamos para o centro cirúrgico e, acreditem, Deus orquestrou o nascimento dela de um jeito tão perfeito, que quando eu me posicionei na mesa dizendo que achava que não aguentaria, só lembro da dra falando “Vinícius, liga a música pra ela, cadê seu celular?” e quando aquele mantra começou, lembro de ter vindo uma contração muito forte e a dra dizendo “Minha gente, chama a pediatra urgente, que não vai dar tempo não! Me ajuda aqui, que a Liz já está nascendo!”.
Durante todo o trabalho de parto eu estava consciente e respondendo a tudo que me falavam, algumas enfermeiras me pediam pra fazer força nos momentos errados e eu, com toda minha “delicadeza” respondia que só faria força quando me desse vontade de fazer cocô.. kkkkk… A dra me dizia que eu estava ótima, meu marido me dava força, outras enfermeiras molhavam minha boca a meu pedido e foram apenas 3 forças e 5 min de trabalho de parto expulsivo.


Liz nasceu as 21:23, com 1 circular de cordão, pesando 2,790kg, medindo 49,5cm, ao som de Deva Premal – Om Namah Shivaya (mantra de Shiva) pelas mãos da Dra Cristina Cabus só para finalizar a experiência com mais superação e perseverança!
Se posso deixar algo de mensagem para vocês, é: se informem e foquem nos sonhos de vocês, porque até num momento que você não pode prever muita coisa, vocês podem ter sonhos realizados! Eu tive o parto dos meus sonhos. Fora toda a minha preparação, consegui, porque apenas ‘respirei’ kkkk”

Camila Cardoso de Andrade
mamãe do Davi e da Liz