Relato de parto: Laura e Marina

“Há 11 anos atrás tive uma gravidez não esperada de um relacionamento ruim, período complicado da minha vida que às 20 semanas teve fim… fomos saber o sexo e nos deparamos com um aborto retido 28 dias antes, sem meu corpo emitir um único sinal… passei pelas dores do parto normal, mas não voltei pra casa com meu bebê… ficaram o vazio e a vontade de tentar novamente… anos se passaram, conheci meu esposo, casamos, e ambos alimentávamos a vontade de ter um bebê ??, qdo fiz 1 ano de casada sobre a pressão de minha Gineco, porque estava com 36 anos, parei o anticoncepcional. Durante 1 ano e 3 meses deste período até engravidar, foram muitas dúvidas, angústias e pressão da médica porque o tempo estava passando e precisava investigar pra saber o que havia que a gravidez não vinha… exames e mais exames, fomos a uma especialista que deu logo um veredito: vou passar um monte de exames mas de cara já te digo – você tem 1 ovário entupido que não dá pra operar, se não engravidou ainda é pq o outro ovário não funciona direito, tem uma sinéquia, sequela da curetagem de anos atrás e isso também é fator que atrapalha a implantação do óvulo… e tem mais seu esposo é paciente bariátrico e existe um altíssimo índice de esterilidade nesses pacientes… como sai de lá?! Nem vou falar pra economizar texto… Fiz todos os 60 exames que ela solicitou pra mim e meu esposo. Não me conformava com as palavras dela, normalmente eu não me conformo com coisas que não temos escolha:.. então resolvi ouvir uma segunda opinião e foi aí que consegui marcar uma consulta com Dr Felipe, peguei o resultados dos exames e fui pra consulta. Minha menstruação sempre foi muito irregular e como ainda não tinha descido, resolvi fazer um teste de farmácia pra adiantar o processo com Felipe, pq sabia que ele iria pedir mais exames… tinha tanta certeza que não estava grávida que tinha parado de tomar o ácido fólico e a testosterona no mês anterior…esqueci de fazer o exame que tinha comprado de manhã e só fiz na hora da consulta… e qual foi a minha surpresa?! GRÁVIDA! Minha vida, minha família, esperanças, tudo se renovaram nesse instante…enfim… agora vou pular pro parto em si…


No meio da gestação fui a Damy pra fazer pilates, pq é bom pra gravidez e já havia amadurecido a ideia que queria parto natural…avisei a Dr Felipe que me deu todo apoio. A gravidez fluiu sem intercorrências, com caminhadas (ia trabalhar caminhando todos os dias até os 6 meses), exercícios, curto período de enjoos, sem azias, dormia a noite toda, dormia deitada, Marina era muito quieta na barriga e logo achou a posição de encaixe. Minha família fez muita pressão psicológica dizendo que Marina nasceria em agosto e eu comecei a pilhar pq Marina tinha que nascer na data prevista 07/09. Passou lua cheia, passou agosto e Marina encaixou e tudo se encaminhou até o dia 6/09, dia que iniciei as 40 semanas.
Preciso abrir um parágrafo pra falar de uma das melhores coisas da gravidez que foi o Pilates. Além dos benefícios físicos, a assistência emocional e psicológica antes, durante e depois dessa jornada materna são fundamentais. Damyeska desempenha essas funções de fisioterapeuta, amiga, doula e conselheira com maestria e total empatia. Coisa que a gente não acha em todos profissionais hoje em dia. Aliás raríssimo! trabalho que vai além do serviço e pagamento. Por tudo isso deixo aqui registrado meu agradecimento e de toda família que ficou encantada com toda assistência e o carinho que ainda estamos recebendo. Fui ao pilates, fiz todos os exercícios chama neném, tava sentindo uma ameaça de cólica, estava perdendo o tampão (essa perda durou quase 1 semana – a propósito, como diz Damy, namorem meninas! Ótimo exercício para perder tampões ) fiz uma ultra-som onde estava tudo ok, tive uma baita cólica na hora, mas ela não viu nada demais acontecendo, estava com placenta grau III desde a semana anterior. Fui a casa de meu sogro, mas antes de sair umas 18:30 tive uma dor totalmente diferente do que já havia sentido antes, muito intensa e falei a meu esposo: – posso estar enganada mas acho que estou dilatando… passou… voltamos pra casa, me deitei, dormi e umas 22:00 a dor voltou tão forte que eu bati o recorde de levantamento da cama, pq em pé era mais suportável, fui ao banheiro e saiu o tampão de vez… tirei foto, mandei pra Dr Felipe e ele confirmou… pediu pra eu ficar de olho nos movimentos fetais, deitar do lado esquerdo…. até aí não tinha contrações… e qualquer novidade avisasse a ele… voltei a dormir até a próxima dor, e assim foi madrugada a dentro dor e banheiro, toda hora banheiro, fiz muito coco, o que me despertou ao fato que Marina estava realmente chegando, vomitei… não consegui me alimentar por causa disso… tentei seguir o conselho de Damy que pediu que eu me mantivesse alimentada mas não deu certo e as 04:00 da manhã não aguentei mais ficar deitada, fui pra minha então melhor amiga bola de pilates que Damy muito generosamente emprestou… só conseguia me mexer de 1 lado para o outro e movimentos circulares, porque mal conseguia ficar de pé, tamanha a dor e nessa altura do campeonato já haviam contrações bem ritmadas e muito mais intensas, a ponto de pensar: que p@&&& foi essa que inventei de parto normal? Se Dr Felipe vier com história que é normal e deve durar alguns dias, de novo, eu vou pra cesária quero nem saber! Chamei muito por Jesus e Nossa Senhora que sabia exatamente o que eu estava sentindo (me identifiquei totalmente com Beth) e fiquei pensando… meu Deus que estupidez essa dor!!! Precisa isso tudo mesmo?! Logo eu que tive uma gravidez plena! Nisso chegou às 06:00 da manhã e eu decidi que iria pra santa casa para ser avaliada e saber exatamente o que estava acontecendo. Mandei mensagem pra Felipe avisando, para meus pais e liguei pra Damy. Colocamos as malas no carro e fomos. Pra resumir bem, cheguei com 8 cm de dilatação, 1 quarto de parto normal vago na Santa Casa, era o sinal que eu precisava pra seguir adiante…


pra eu chegar na dilatação total foi tão rápido que nem deu tempo de trocar de roupa ou arrumar o quarto com as lembranças, rapidamente chegaram Damy e Luísa Patury (minha fotógrafa que por Deus estava disponível em pleno 07/09) e aí começou o “show”. Colocamos a play list que montei com muito amor ao longo dos 9 meses, importante: em modo aleatório… mais adiante vocês entenderão… Mais uns minutos e chegaram meus pais, um dos únicos 2 momentos que chorei… fomos ao banquinho, estourou a bolsa mas Marina não coroava, embora estivesse encaixada e super baixa… saímos e tentamos fazer exercícios (Damy sempre ao meu lado me acalmando, explicando super dedicada e concentrada junto comigo) mas eu não conseguia ficar em pé, nem caminhar durante as contrações, fomos a maca… força, força, acho que abalei os corredores da Santa Casa de tanto que gritei! Mas não era a dor que me fazia gritar, nessa altura a contração era muito forte mas não sentia dor, a concentração era toda na força e daí é que vinham os gritos… Damy e meu esposo sempre ao meu lado me apoiando em tudo e me dando muita força. Bem, esse processo segundo Dr Felipe deveria durar em torno de 40 min, durou 2 horas e meia… ele começou a demonstrar preocupação e explicou que ia induzir (as contrações estavam espaçadas e eu ficando sonolenta essa parte do sono eu não quis dizer, fiquei com medo) enquanto a indução chegava aconteceram duas contrações, a primeira Marina conseguiu coroar e a segunda finalmente veio ao mundo, ao som de Sá Marina, com Ivete Sangalo, música que coloquei inúmeras vezes ela pra ouvir, sendo a trilha sonora da gravidez, com o rosto voltado pra cima, motivo pelo qual demorou pra nascer. Não precisou da indução, não tive analgesia, e tive plena consciência de tudo o que estava sentindo no momento exato da expulsão: o tal círculo de fogo que tá mais pra um calorzinho de banho morno do que pra fogaréu e o momento que a vida mudou radicalmente, nem a placenta não senti sair, nessa hora estava com minha vida nos braços, me olhando, ouvindo eu cantar no seu ouvido sua música. A visão mais linda da minha vida, a sensação mais gratificante da minha vida!
Tive medo, tive dor, fiz força e faria tudo novamente… do que eu me lembro? Da dor da dilatação, mas essa memória não é o bastante pra me fazer desistir de repetir a dose… experiência única e mais incrível que uma mulher pode passar!


Desde o momento que senti a primeira dor, até hoje minha vida se transbordou de um amor tão forte, de uma ligação tão profunda que choro só de lembrar do parto ou de ouvir a playlist da gravidez.”

Laura Vasconcelos de Barros
mamãe da pequena Marina